Laboratório aposta em parcerias dentro e fora do Departamento para projetos científicos
Da aplicação de tecnologia formal para o desenvolvimento de softwares ao diálogo com professores de filosofia, passando por projetos industriais nas áreas de energia, óleo e gás. O perfil versátil faz parte do leque de atividades desenvolvidas pelo Laboratório de Métodos Formais (TecMF) do Departamento de Informática. Um dos 14 laboratórios do DI, o TecMF se dedica a pesquisar a aplicação da Teoria da Prova, Teoria das Categorias, Sistemas Lógicos, Prova Assistida de Teoremas em Ciência da Computação em geral, e, principalmente, validação de sistemas, modelos de computação e complexidade computacional.
Embora os campos de pesquisa sejam inovadores, o TecMF tem uma longa história. Fruto da remodelação de um antigo laboratório criado no início dos anos 1990, ele ganhou identidade própria ainda na virada do milênio, a partir de uma demanda acadêmica e unindo professores e estudantes da pós-graduação na criação de novos projetos científicos.
Das principais áreas do laboratório, a que mais se destaca no TecMF está relacionada aos estudos em desenvolvimento e aplicação de tecnologia formal. A formalização, nas palavras do coordenador do laboratório, o professor Edward Hermann, é um processo diligente. “É resolver problemas e desafios de forma que seja muito mais do que simplesmente solucioná-los. Não estamos interessados em só resolver, mas explicar por que e como o processo foi resolvido. É explicar, formalmente, e de maneira precisa”.
Para resolver esses quebra-cabeças, o TecMF conta com um apoio que pode ser um pouco inusitado para os não-familiarizados com o laboratório: o do Departamento de Filosofia. Em um campo onde as ciências exatas e as humanas se encontram, a colaboração se torna essencial.
“Certos conceitos em computação têm paralelos muito grandes com ideias da filosofia analítica, da filosofia da linguagem e da filosofia da matemática. Usamos muitos conceitos traçados por filósofos como, por exemplo, o conceito de prova. O que você pode usar como prova? Isso é muito importante para comprovação de que uma prova está sendo bem aplicada. Precisamos dessas ideias da filosofia para não derrapar”, disse o professor.
Esse trabalho em comum não se limita às salas de aula. Aliando os estudos acadêmicos à prática, o laboratório conduz projetos industriais nas áreas de energia, óleo e gás, campos que tradicionalmente dependem de pesquisas científicas. Além desses, o TecMF já atuou em estudos relacionados à formalização de argumentação legal. Edward completa que, neste último, a cooperação foi decisiva. “Formalização é um processo empírico, mas é feito por seres humanos. Nós podemos ser auxiliados por robôs, mas é um processo humano. A interação indireta com a filosofia foi essencial para o projeto. Não teria ido para a frente sem esse aprendizado”, completou.
Além da parceria entre Departamentos, o TecMF também olha para dentro na hora de escolher quais os próximos passos a serem dados em suas pesquisas. Integrantes do laboratório vindos de outros países costumam trazer desafios ou questões abordadas no exterior com potencial para serem pesquisadas pelo TecMF. A partir dessas ideias, é iniciada a fase de pré-projeto, e os alunos podem escolher participar da pesquisa.
O laboratório mantém uma forte parceria com o Laboratório de Bioinformática e Banco de Dados (BioBD), coordenado pelo professor Sérgio Lifschitz. Juntos, os dois grupos mantêm trabalhos relacionados à modelagem. O TecMF também conta com uma parceria de longa data com o Telemídia, laboratório que trabalha com sistemas multimídia e hipermídia.
Hoje, participam do TecMF alunos em diferentes níveis de estudo da computação, desde a graduação até o pós-doutorado. Os estudantes de iniciação científica, que conduzem projetos próprios, são estimulados a participar dos seminários do laboratório, interagindo com aqueles que já têm uma carreira mais consolidada no mundo da informática.
Abraçando os mais diferentes projetos, fica evidente que a colaboração é a base dos trabalhos do TecMF. “Nós temos como princípio evitar de recusar desafios. Os desafios estão aí para a gente aprender com eles”, finalizou.
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